Nada é mais especial para o homem que a paternidade. As mulheres que me perdoem, mas ser pai é tão mágico quanto ser mãe. Os psicólogos também, mas ser pai é o modo de garantir nossa continuidade, é a chance de corrigir nossos defeitos e aprimorar nossas qualidades nos nossos filhos, para tentar fazer deste um mundo melhor.
Nada pode ser mais gratificante que um beijo, um abraço ou mesmo um sorriso inocente e despretensioso de um filho ao final de um dia de trabalho.
Nos dias de hoje, os compromissos profissionais fazem com que homens e mulheres abdiquem da paternidade e maternidade precoce, para realizá-la em nome do “planejamento familiar” em uma idade onde as funções reprodutivas já não são ideais.
Existe, portanto, uma tendência natural ao aumento de casos de infertilidade conjugal. Estima-se que um em cada cinco casais terá dificuldades de gerar um filho. A maioria dos casais em faixa etária de risco para infertilidade nem suspeitam que estejam nessa condição. O risco de infertilidade conjugal aumenta progressivamente com idade materna e também com a idade paterna. O risco de abortos recorrentes também aumenta, principalmente em casais com a mulher com mais de 35 anos e o homem com mais de 40 anos.
A medicina evolui, na área da infertilidade, a passos largos. Para se ter ideia, pacientes sem capacidade de gerar espermatozóides (azoospérmicos) e há pouco tempo rotulados como estéreis, tem até 50% de chances de gerar filhos com técnicas de reprodução assistida. Infelizmente essa tecnologia não está disponível a todos, em virtude do alto custo.
A genética da infertilidade está também cada vez mais acessível para diagnósticos sindrômicos de homens não inférteis. Estudos avançam no diagnóstico de aberrações genéticas em embriões antes mesmo de sua implantação no útero de mulheres submetidas à fertilização assistida. Aberrações cromossômicas como síndrome de Down e também malformações congênitas aumentam com o avançar da idade feminina. Entretanto, a qualidade do espermatozóide também piora com o passar dos anos, em particular a partir dos 27 anos de idade, aumentando progressivamente os riscos genéticos.
A urologia dispõe de diversos recursos para homens inférteis, como o aumento da qualidade do sêmen, reversão de pacientes vasectomizados e obtenção cirúrgica de espermatozóides diretamente nos testículos e epidídimos. Além disso, é possível a criopreservação de espermatozóides em pacientes jovens submetidos a tratamentos oncológicos que tenham risco de esterilidade.
A causa mais comum de infertilidade masculina é a presença de varizes de testículo conhecida como varicocele. O tratamento é a correção microcirúrgica, que melhora a contagem dos espermatozóides em 70% dos operados. A taxa de gravidez espontânea chega a 61%. Além disso, a operação aumenta as chances de gravidez em casais que recorrem à fertilização assistida.
Nos vasectomizados, a reversão microcirúrgica tem índices de gravidez espontânea global de 52%, sendo superiores às técnicas de fertilização assistida, além de custos menores. Homens com mais de 15 anos de vasectomia tem chances de até 49% de gravidez. Quando a esposa tem menos de 30 anos, a taxa de gravidez desses homens pode chegar a 64%. A nova condição após a cirurgia permite a muitos casais reconsiderar o planejamento familiar e ter mais de um filho em épocas diferentes, não correndo o risco, como nas técnicas assistidas, de gemelaridade ou gravidez de alto risco. Aproximadamente 50% das causas de infertilidade são decorrentes de fatores masculinos.
A maioria dessas causas é tratável e sem a necessidade de exposição da mulher aos riscos da fertilização assistida.